Há uns 20 anos atrás, comecei a desenhar as bonequinhas que transformaram a minha vida e, até mesmo, a da minha família.

Durante o ensino médio, aproveitando que minha mãe e meu pai tinham uma confecção em casa, comecei a vender bolsas com desenhos personalizados para as amigas da escola. Minha mãe costurava e eu pintava (quanta saudade)! Tinha até um catálogo de desenhos feitos a lápis no papel de caderno rs…

… a menininha segurando um sorvete, coração, estrela, flor, picolé… a cor de fundo da bolsa, se seria rosa, azul, verde, amarelo, vermelho… e os desenhos que ficavam entre as bonequinhas, se seriam sol, lua, flor, estrela, coração… ah! E ainda tinha um bolso no interior da bolsa que também tinha um desenho nele, a escolher.

As encomendas foram aumentando e eu passava horas pintando uma única bolsa.

Meu pai então falou que ia me ajudar fazendo uma tela de silk screen e estampando para mim. Fizemos as telas e produzimos várias bolsas com o mesmo desenho, mas com cores bem variadas. Tudo muito colorido, alegre e cheio de corações e elementos do bem. ❤️

Para quem não sabe, na estamparia cada tela corresponde a uma cor. Então, o ideal era ter pelo menos 4 cores: preto (contorno dos desenhos), vermelho ou rosa (para a cor das bochechas, vestido, coração), amarelo (para o sol, estrela, vestido), e a quarta poderia ser azul, roxo, verde… enfim. A “organização” e pensamento para a criação das telas era mais ou menos assim.

Aí, quando as primeiras bolsas ficaram prontas, foi o momento de ir pra feira com meu pai, dessa vez para vender as minhas bolsinhas. E não é que vendi??

O sucesso foi tanto que meu pai começou a fazer e vender muitas bolsas, eu desenhei novas estampas e minha mãe criou modelagens de bolsas variadas!

Ao longo de anos, elas foram o principal produto que vendíamos. O outro produto eram camisas, também com as bonequinhas 🤣❤️ e algumas com desenhos do Rio de Janeiro e outras com tema náutico (que até então eram o forte da casa).

Os modelos de bolsas?

Tinha de tudo! Rs e ainda em tamanhos PP, P, M e G – como se fossem camisas! A variedade era a especialidade da casa! Tinha tamanho pra tudo, porque qualquer coisa que pediam pro meu pai na feira, ele chegava em casa avisando. Então, minha mãe modelava e já era inserido na linha de produção das próximas bolsas. Quanto orgulho deles!

Tinha malas de viagem, sacolas tipo ecobags (meu pai chamava de pasta, porque incialmente surgiu do pedido de estudantes e advogadas que queriam usar para levar pastas e livros).

Também tinha bolsa de neném, com porta mamadeira para fácil acesso. E claro, a original: BOLSA CARTEIRO ❤️. Bolsa indiana, mochilas, estojos, porta moeda, cinto, almofadas, porta calcinha…

Ah! Quem dera que essa confecção ainda existisse… mas tudo acontece no momento certo. E com as bonequinhas foi assim. Marcaram anos de nossas vidas.

Ainda hoje recebo foto de pessoas que ainda têm alguma bolsa guardada em casa. E eu tenho algumas aqui… são lembranças muito felizes, desafiadoras e que hoje eu vejo com muita clareza o quanto que foram transformadoras na minha vida.

Sinto muita gratidão pela minha trajetória.

E hoje? Não tem bonequinhas?

Pois é, vou voltar com elas sim! Sinto cada vez mais forte em mim. Por enquanto, alguns testes e “brincadeiras” para ir matando a saudade!

Ainda vou escrever sobre isso, mas se você me acompanha, sabe que estou aprendendo cerâmica… uma paixão que me fez conectar profundamente comigo mesma, por horas e horas, no atelier.

Aqui algumas bonequinhas que já saíram do forno:

Reconhece essa bonequinha?

Será que em algum momento dessa vida, você cruzou com essas bonequinhas? Será que ela chegou a ir para sua casa? Adoraria que compartilhasse aqui comigo nos comentários desse post!!!